A PARAHYBA NUMA DESCRIÇÃO DE 1861
A descrição a seguir, foi extraída do livro 'Tratado de Geographia e Elementar, Physica, Historica, Ecclesiastica e Politica do Império do Brasil', escrito por J. G. Amedeo Moure e V. A. Malte-Brun, membros da Sociedade de Geographia de Pariz. O referido livro foi publicado em 1861, na Cidade Luz.
Na transcrição abaixo, teve-se o cuidado de preservar a grafia original.
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PARAHYBA
A provincia da Parahyba é limitada ao N. pela provincia do Rio-Grande, ao O., pelas provincias do Ceará e de Pernambuco; ao S., pela mesma provincia de Pernambuco; e ao E., pelo Oceano.
Esta provincia jaz entre os 5° 40' e os 8° L. S., e entre os 37° e os 40° 15' long., tem uma superficie de 53.000 kilometros quadrados ou 2.200 legoas quadradas.
População: 240,000 habitantes.
Capital: a cidade da Parahyba, com um porto mui seguro e mui frequentado pelo comercio maritimo, no oceano Atlantico.
O dia maior do anno não chega a ter doze horas e meia de sol. O inverno ou tempo da chava começa no equinocio de março e dura até julho, nunca é rigoroso.
O clima é calído, mas refrescado pelas virações do mar, mormente nas suas vizinhanças.
Tratado de Geographia e Elementar, Physica, Historica,
Ecclesiastica e Politica do Império do Brasil
Como nas outras provincias vizinhas, o terreno é de formação de chamadas frias e granito de gneis ou granito graudo. Uma parte do paiz, geralmente desigual, é de catingas ou charnecas, que serve pouco para á agricultura.
O restante do paiz é de terreno forte, viçoso, substantioso e fertil, coberto de culturas ricas ou de grandes matas, principalmente nas serras de maior altura e adjacências de alguns numerosos rios; as plantações e lavouras são importantes em cannas de assucar, algodão, tabaco, mandioca, milho, legumes, arroz, fructas do paiz: como ananazes, laranjas, melancias, bananas.
As arvores mais importantes são: cedro, páo Brasil, páo ferro, páo d'arco, aroeira, pereira, batinga, sipipira, angico, angelim, jatuba, as arvores do oleo copahyba, a de gomma elema ou almeciga, coqueiros, palmeiras, pikí.
Todos os animaes domesticos da Europa se multiplição sem degenerar. Nos animaes silvestres se encontrão: antas, veados, pacas, quatys, preguiças, guaxinins, macacos, rapozas, porcos do mato, onças.
Entre as aves, notão-se: emas, seriemas, jacús, codornizes, papagaios, rolas, sabias, pombas torquezes, canarios, cardiaes, marrecos, colheiras, garças, jaburús, soccos, arapongas.
Os productos principaes da exportação são: o páo Brasil, algodão, assucar, aguardente de canna, madeira de construcção, de marchetaria e de tinturaria.
Os rios principaes são: o Parahyba, o Guarahá, o Mamanguape, o Guaramama, o Cammaratiba, o Popóca, o lpopoca, o das Piranhas, o do Peixe, o Pinhancú, Miriripe.
Os montes principaes são ramos da Serra Borboréma; a Serra Cayriris, a do Bacamarte, a do Commissario, a do Teyxeira, a de Luiz Gomes, a do Jabitacá.
Os cabos principaes são: o cabo Branco.
A jurisdicção religiosa d'esta provincia depende do bispado de Pernambuco. A sua jurisdicção civil e de relação emana da côrte de Pernambuco. A provincia da Parahiba dá dous senadores e cinco deputados pela Assembléa geral. A sua Assembléa provincial compõe-se de trinta deputados.
A divisão judicial de primeira instancia, criminal e do jury forma tres comarcas: 1° Parahyba, 2° Brejo d'Arêa, 3° Pombal, que dividem-se em 18 municipios e 26 parochias.
A divisão politica forma cinco districtos eleitoraes:
I. Cidade da Parahyba,
II. Villa do Pilar,
III. Cidade de Arêa,
IV. Villa da Campina-Grande,
V. Villa do Pombal.
Cada um dos referidos districtos dá um deputado e um supplente pela Assembléa geral.
Quando se houver de proceder á eleição provincial, cada um dos referidos districtos nomeará seis membros da Assembléa provincial em escrutino de lista, e depois tres supplentes do mesmo modo.
I. O primeiro districto tem por cabeça a cidade da Parahyba, forma um só collegio e comprehende as parochias:
1° N. S. das Neves da Parahyba, na margem direita do rio Parahyba, perto do Oceano;
2° Livramento, na margem esquerda do rio Parahyba;
3° Santa-Rita, no rio Parahyba;
4° Alhandra, numa eminencia perto do rio Goyanna;
5° Taquara, nas campinas da Parahyba;
6° Jacoca, no rio Mamanguape, campinas da Parahyba;
7° Mamanguape, na margem esquerda do rio Mamanguape;
8° Bahia da Traição, nas costas do Oceano, perto da embocadura do rio Mamanguape, em 6° 41, L. S;
II. O segundo districto tem por cabeça a villa do Pilar, forma um só collegio e comprehende as parochias :
1° Do Pilar, no rio margem esquerda e campos da Parahyba;
2° Taipú, nas campinas da Parahyba;
3° Ingá, nos campos de Itabuyana;
4° Independencia, no rio da Parahyba, e campinas de Guararira;
III. O terceiro districto tem por cabeça a cidade da Arêa, forma um só callegio e comprehende as parochias:
1° Da Arêa, no brejo e campos do Mamanguape;
2° Lagoa-Nova, nos campos da Goyaninha;
3° Bananeiras, nos campos de S. Miguel e da Varzea;
4° Araruna, nos campos, vizinhança do mar;
5° Cuieté, nas campinas do Mamanguape, porto do mar.
IV. O quarto districto tem por cabeça a villa da Campina-Grande, forma um só districto e comprehende as parochias :
1° Campina-Grande, numa collina da serra Bacamarte;
2° S. João, nos campos, ao pé do Cayriris;
3° Cabaceiras, nos campos e cabeceiras do Rio Grande;
4° Rosario de Natuba, nos campos do Cayriris.
V. O quinto districto tem por cabeça a villa do Pombal, forma um só collegio e comprehende as parochias:
1° Pombal, no rio Pianco, perto da sua juncção com o das Piranhas;
2° Patos, nas campinas do Cayriris e Conchas;
3° Catolé, no rio Poty e campinas do Apody;
4° Souza, na margem esquerda do rio do Peixe, tributario do das Piranhas, numa planície amena ao pé de serra do Commissario;
5° Santo Antonio Piancó, no pé do Cayriris.
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