JOÃO DE LYRA TAVARES
APONTAMENTOS PARA A
HISTÓRIA TERRITORIAL
DA PARAHYBA
Edição Fac-similar
Coleção Mossoroense
Volume CCXLV
1982
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SESMARIAS DA CAPITANIA DA PARAHYBA
Nº 81 EM 23 DE DEZEMBRO DE 1708
Ajudante Luiz Quaresma Dourado, diz que tinha muitos gados para povoar sem ter terras proprias para o fazer, apesar dos serviços prestados a S. M.; e tendo noticia que no sertão das Piranhas haviam uns sitios com agua, chamados um o poço das pedras e outro no rio Cacaré para a parte do poente como juntamente o de uma legoa para parte do norte, desagoando os ditos riachos poço das pedras e Cacaré no rio do Peixe, por isto requeria tres legoas de terras, em cada um dos riachos nomeados uma legoa em quadro, no logar do dito poço das pedras, no logar de um poço que tem no dito rio Cacaré e no logar da dita lagoa, ficando-lhe os ditos poços e lagoa no meio de cada uma das legoas, que nos ditos tres sitios pede. Foi feita a concessão no governo de João da Maia da Gama.
Nº 82 EM 12 DE MAIO DE 1709
D. Joanna da Camara e Albuquerque, Antonio de Oliveira Ledo, Tenente Coronel Simão Alves de Vasconcellos, Alferes Antonio Baptista de Freitas e Antonio Fernandes, moradores nesta capitania da Parahyba, dizem que tendo com grandes despezas e risco de vida descoberto por via do gentio no sertão das Piranhas, por um rio chamaho Quintararé, que nasce da serra da Borburema correndo do sul para o norte terras capazes de crear gados, que nunca foram dadas nem povoadas; e porque elles se acham com algum e sem terras para crear, e para opposição aos tapaios rebeldes, requeriam para cada um tres legoas de terras de comprido e uma de largo pelo dito rio abaixo, começando de sua nascença, onde houvesse agua ou poço para se poderem povoar, correndo do sul para o norte até entestar com os primeiros providos das terras do sertão de Acauhã, ficando dentro da terra pedida um olho d'agua, chamado Cuité, que fica no districto das ditas terras para a parte do nascente. Foi feita a concessão no governo de Fernando de Barros e Vasconcellos.
Nº 83 EM 14 DE JUNHO DE 1709
Francisco Affonso Veras, morador em Goyanna, diz que possuia um sitio de terras no sertão do Cariry, que houve por compra a Francisco de Albernoz para nelle crear seus gados, como estava creando, e defronte de dito sitio para parte do sul corria um riacho chamado Carneiro, no qual riacho havia um poço a que chamão da Serrota, e que ia por tres annos, que naquelle dito poço mandara elle supplicante fazer uns beneficios para ajudar a crear seus gados; por ser pouca a largura que tinha no dito sitio, que por compra houve do dito Francisco Albernoz a que chamão Carnaúba, e porque elle supplicante não ha de alcançar a dita parte com a sua compra, por escusar duvidas com os heréos que são pela parte do sul Pascacio de Oliveira e os padres da companhia de Jesus, requeria por isto a mercê de uma legua de terras em quadro em o riacho Carneiro, que faz barra no sitio das Pombas, por devolutas, fazendo peão no poço da Serrota onde contesta o dito poço no mesmo riacho Carneiro, meia legoa para cada parte, para ali ajudar a crear seus gados. Foi feita a concessão no governo de João da Maia da Gama.
Nº 84 EM 20 DE JUNHO DE 1709
Sargento mor Manoel Marques de Sousa, Seraphim de Sousa Marques, João Marques de Souza, Antonio de Sousa, D. Izabel da Camara, Francisco da Silva Passos e o sargento-mor Antonio José da Cunha, moradores nesta capitania, dizem que pelos serviços prestados por si e seus antepassadas a S. M. não tinham até o presente recebido terras para crear seus gados; e como se achassem devolutas umas sortes de terras no riacho que desemboca na barra do Acauhã, chamado os Cabeceiras das Piranhas pelo dito riacho acima, buscando o poente, pediam para cada um tres legoas de comprido e uma de largo e não havendo para todos se encherem, se repartirem entre todos os que houverem. Foi feita a concessão de treis legoas de comprido e uma de largo a cada um, no governo de João da Maia da Gama.
Nº 85 EM 19 DE JULHO DE 1709
Manoel Ramiro Vicente e Manoel da Cruz Maciel, moradores nesta capitania, dizem que pelo rio da Parahyba, sertão do Cariry, acima da serra da Pintura, em um riacho que chamão pela lingua do gentio Moreré e faz barra no Parahybinha, e dali vem a fazer segunda barra no Parahyba, e que do riacho ao Parahyba serão tres legoas ou quatro, e no dito sitio estavão devolutas terras, que elles supplicantes descobriram; pedião a concessão de quatro legoas de terras de comprido e duas de largura para ambos no dito logar, correndo do norte ao sul e do leste a oeste, fazendo peão no riacho chamado das Irmães no poço Maior nascente do mesmo riacho e correrá o rumo até entestar com a serra Comprida do poente para nascente e da dita serra cortará rumo direito até entestar com o rio da Parahyba da parte do norte, servindo o dito rio sempre de rumo até se encher das ditas quatro legoas de comprido e duas de largo, nas quaes terras levantaram duas cruzes ao tempo em que as descobriram. Foi feita a concessão no governo de João da Maia da Gama, de quatro legoas de terras de comprimento e somente uma de largura.
Nº 86 EM 17 DE SETEMBRO DE 1709
Padre Manoel dos Santos, religioso da companhia de Jesus e administrador da casa de S. Gonçalo, desta cidade, diz que a dita casa tem mui pequena cerca a respeito e que lhe era necessario algum terreno; e porque entre a terra que de presente se estava demarcando a Floriano Biserra e a dita cerca, podiam haver algumas sobras, pedia a concessão de todas e quaesquer sobras que houvessem pelo rumo que corresse o dito Floriano Biserra, que ficasse fronteiro a cerca de dita casa; ainda acaso que as ditas sobras cheguem ao mangue. Declarou mais o supplicante por despacho do provedor - que a terra que ficou devoluta na medição ao que fez da de Floriano Biserra, é começada na estrada que vae desta cidade aos engenhos, junto a cerca do convento de S. Gonçalo, correndo para oeste pela estrada, que por junto da dita casa vae para casa onde de presente mora o dito Floriano Biserra, que tem de comprido pela dita estrada de rumo de oeste trinta braças, pouco mais ou menos, até onde atravessa a estrada no mesmo rumo de oeste da terra de Floriano Biserra e da dita estrada que vai para casa do mesmo Floriano até onde foi a forca antiga, entre a sobredita estrada e o dito rumo, tirado da casa de Floriano, a qual pela estrada que vae para os engenhos, que fica junto da dita forca antiga terá de largura pouco mais ou menos trinta braças e para rumo de oeste faz como vella latina e a dita terra esta devoluta e se pode conceder. Foi feita a concessão no governo de João da Maia da Gama.
Nº 87 EM 30 DE DEZEMBRO DE 1709
D. Leonarda Pires de Gusmão, viuva do Dr. Dionisio Pires de Gusmão, diz que por morte de seu marido ficara pobre e falta de bens, que escassamente tinha com que se alimentar e aos seos filhos orphãos, que ficaram e de nenhum modo com que podesse dar estado a uma filha que entre elles havia de idade de doze annos, e porquanto na rua nova desta cidade se achavam devolutos uns chãos, que correm das casas terreas de Mathias Soares Taveira até o quintal de Gonçalves Reis, junto à casa da polvora, com fronteira para oeste e a trazeira para leste, com fundo até entestar com os quintaes das casas de Luiz de Souza Furna e outros na rua direita, pelo que pedia lhe fizesse mercê, para que em qualquer tempo podesse dispor delle como seu. Em virtude do despacho do provedor voltou a supplicante declarando que da informação do provedor consta estarem devolutos os chãos pedidos, e só duvida elle não se declarar as braças assim da testada como de fundo, sendo que na petição se declara a extensão de uma e outra casa, mas medindo-se agora tem de testada oito braças e dous ou tres palmos, e de fundo dezesseis braças, pelo que pedia lhe fizesse mercê de todos os ditos chãos, pois a nenhuma outra pessoa podiam servir as duas braças que sobravam na testada e uma no fundo. Foi feita a concessão no governo de João da Maia da Gama.
Nº 88 EM 26 DE JUNHO DE 1710
Sargento-mor Manoel Marques de Souza, Seraphim de Souza Marques, João Marques de Sousa, Antonio de Sousa, Maria de Figueredo e D. Izabel da Camara, moradores nesta capitania, dizem que pelos serviços prestados por si e seus antepassados não tinham recebido terras para crear seus gados, e como de presente a sua noticia era que no sitio da Boa-Vista, pelo rio das Piranhas acima entrando pelo riacho do Peixe até entestar com terras do sargento-mor Antonio Jose da Cunha de suas cabeceiras haviam terras devolutas, as pediam de sesmaria para as cultivarem, buscando para se poderem encher os Icós e não havendo comprimento para todos, que se possa fazer comprimento nas ilhargas do dito rio do Peixe, ou onde mais commodamente se poderem inteirar. Foi feita a concessão no governo de João da Maia da Gama.
Nº 89 EM 7 DE SETEMBRO DE 1710
Domingos de Siqueira da Silva, capitão dos reformados, morador e natural desta capitania, diz que tinha servido a S. M. tanto de soldado nesta praça como de alferes de infantaria, e tinha seos gados no sertão, pagando arrendamento de terras, porque nunca pediu e nem lhe deram terras e nem a seus paes, e com por causa da secca retirou noventa e tantas bestas para um sitio do Pe Belchior Garcia, que arrendou, e por cima do dito sitio tres legoas pouco mais ou menos descobriram os seus famulos umas terras que estão devolutas, que são onde tem uma lagoa, que fica entre um riacho chamado Curimataú que vae cahir no Parahyba abaixo do engenho Tapuá, queria a sesmaria de duas legoas de terras no dito logar, princiando do pé de duas serrotas para cima, ficando a lagoa de dentro e dahi para onde melhor lhe accommodasse fazer comprimento com uma legoa de largo por cada ilharga, para que nella creasse seus gados. Foi feita a concessão de duas legoas de comprido e uma de largo, correndo a dita terra de comprido no logar das duas serrotas pelo rumo que der e não por onde melhor accommodasse, no governo de João da Maia da Gama.
Nº 90 EM 20 DE OUTUBRO DE 1710
Padre Francisco Ferreira da Silva, Vasco Ferreira da Silva e o Capitão João Baptista de Freitas, dizem que tinham os seos gados no sertão de Curimataú, e porque nas ditas paragens não podiam plantar lavouras para sustento dos homens e escravos, que assistem nas ditas fazendas e perto dellas estava um riacho, chamado das Ipueiras, que faz barra no rio Tenenduba (?) no qual havia terras devolutas são capazes de lavouras, as quaes terras confrontam pela ilharga da parte do sul com a parte de terras delle supplicante, padre Francisco Ferreira e outros companheiros, que tem pelo rio Curimataú, pediam para todos treis, seis legoas de terras de comprido pelo dito riacho abaixo com duas de largo, ficando dito riacho em meio do comprimento, começando em a primeira cachoeira e serra que esta acima de uma caiçara e curral que o dito padre fez, onde tinha recolhido os seus gados algumas vezes. Foi feita a concessão de duas legoas de comprido e lima de largo a cada um e quando não chegasse se repartiriam as ditas terras entre os tres com o que coubesse a cada um, no governo de João da Maia da Gama.
Nº 91 EM 21 DE NOVEMBRO DE 1710
Mathias Vidal de Negreiros e José Vidal de Negreiros, dizem que pelos serviços que por si e seus paes fizeram a S. M., não podendo cabalmente aproveitar e crear seus gados, tem por noticia por seus colonos e escravos que nos olhos d’agua da ribeira do Cacody que nasce em um dos sitios da serra Borburema, termo das Piranhas, para a parte do norte, que faz barra no riacho Cupauã junto a outras terras, que os supplicantes possuern misticas as ditas no riacho Caxaré e outro olho d’agoa do dito Caxaré para parte do sul ficando entre o dito riacho Caxaré e o riacho Sabugy, queriam a sesmaria de ditas terras confrontadas, principalmente a que se achar desde os ditos olhos d’agua ate a barra do dito rio Cacody, fazendo do comprimento largura e da largura comprimento para melhor accommodação dos supplicantes. Foi feita a concessão de 3 legoas de comprimento e uma de largura, no governo de João da Maia da Gama.
Nº 92 EM 3 JANEIRO DE 1711
Antonio de Mello Dourado, Alferes da fortaleza do Cabedello, diz que defronte da dita fortaleza e da de N. S. da Guia estava uma ilha junto ao forte de S. Antonio, devoluta, e que elle supplicante queria cultivar, e outro sim, queria fazer um curral para peixe, pegando a dita ilha; pelo que requeria a sesmaria da dita ilha e o realengo della para fazer o dito curral. Foi feita a concessão com a condição de ceder o terreno necessário para qualquer fortificação que tivesse de fazer-se para defesa da barra, no governo de João da Maia da Gama.
Nº 93 EM 7 DE FEVEREIRO DE 1711
Salvador Quaresma Dourado e o ajudante Luiz Quaresma Dourado, dizem que na Rua Nova desta cidade, que vae seguindo por detraz de S. Gonçalo, do Norte a Sul, se achão chãos devolutos em uma e outra parte da rua, sem se lhes saber legitimos dono, desde o tempo da retirada dos hollandezes, começando os ditos chãos da parte direita do curral da casa de Manoel Pereira Lisboa, meirinho do mar, e da esquerda de Antonio da Silva, creoula forra, e como seja em utilidade a dita cidade reformar-se a despovoada rua pelo rumo de sua delineação primeira, com se levantarern novas cazas, me pediam elles supplicanfes lhes concedesse em cada uma das partes nomeadas da dita ma vinte braças de frente e quinze de fundo na dita terra, a cada um, começando o rumo para a sua demercação das partes acima declaradas, e que receberiam mercê. Foi feita a concessão no governo de João da Maia da Gama.
Nº 94 EM 20 DE FEVEREIRO DE 1711
Capitão Manoel de Souza, rendeiro do engenho do Meio, diz que tendo noticias de que nas testadas dos olhos d’agua entre o Mirirye Mamanguape, terras que foram do capitão João Luiz Carneiro e hoje são delle supplicante e do alferes Domingos Gomes da Costa, havia terras devolutas, começando das cabeceiras das mesmas terras delle sobredito, correndo de leste para oeste até o sitio chamado Catolé, e do norte partem com terras dos R.mos Padres do Carmo e o Padre Francisco Pereira e com o Quandú, terras dos religiosos de S. Bento, e da banda do sul com terras do morgado de Duarte Gomes da Silveira, sitios chamados Pedra Branca, Lagoa e Tamauatá-mirim do capitão Francisco da Costa Ferreira; e como nos ditos meios ha terras devolutas, que carece para apascentar seus gados, requeria as terras devolutas na parte referida. Foi feita a concessão de treis legoas de comprimento e uma de largura, no governo de João da Maia da Gama.
Nº 95 EM 2 DE ABRIL DE 1711
Simão Carvalho da Cunha e Miguel da Cunha Rego, moradores nas cabeceiras do sertão do Cariry, dizem que possuindo gados não tinham terras onde os crear, creando-os em terras alheias pagando renda, sofrendo perdas nos despejos que fasiam de uma parte para outra, e porquanto no mesmo sertão havia um riacho, que nasce de uma serra, a que o gentio chama Mongiquy e o riacho se chama da Pedra do Mel, pediam mercê de tres legoas de terras de comprimento e duas de largo para ambos, um nas ilhargas do outro, que tocasse a cada um tres de comprido e uma de largo, começando de urn campo, que está ao pé da serra do Mongiquy e ilhargas de Custodio Alves Martins pela parte do sul e correndo para o nascente com as tres leguas de comprido com o dito riacho a entestar em um olho d’agoa, que nasce em umas pedras que chama o gentio Teiorú, que fica nas ilhargas dos herdeiros de João Ferreira de Mello, para a parte do sul. Foi feita a concessão de treis leguas de comprido e uma de largo, no governo de João da Maia da Gama.
Nº 96 EM 22 DE MAIO DE 1711
Tenente Coronel Gonçalo Rodrigues de Crasto, morador nesta capitania, diz que necessitava de uns chãos para fazer umas cazas nesta cidade, e porque se achavam devolutos uns na Rua Nova da parte do poente, que contestam pela parte do norte com cazas dos Padres André Rodrigues e Custodio Rodrigues de Crasto, e da parte do sul confinam com a travessa que vae para o Varadouro, pede que lhe de propriedade para ele e seus herdeiros. Foi feita a concessao no governo de João da Maia da Gama.
Nº 97 EM 12 DE DEZEMBRO DE 1711
Havendo o Cap.m Antonio Carvalho Guimaraes e Manoel Rodrigues Coelho representado ao governo que na rua Nova desta cidade, que em a canto que vae para a rua direita, se achavam uns chãos sem senhorio, nem noticia alguma de quem fossem, desde o tempo do flamengo, os quaes confrontam com a casa de Barbosa Coelho da parte do sul, e do norte fazem a dito canto, e dahi correndo pelo beco que vae para a rua Direita até entestar com a caza de Gaspar Barbosa, e mandando·se informar o provedor este disse que não constava de quem fossem os chãos requeridos: quanto aos que começam no canto que diz parece que nelles houve já casa de pedra e cal, e poderão ter de testada pela rua Nova cinco braças, que ainda mostram os alicerces que tiveram, e assim se pode conceder com a condição de ser restituido apparecendo senhorio; sendo entao dirigido ao governo uma petição do Capitão Francisco Pinto Correia em que diz achar·se servindo a S. M. no posto de Capitão das Ordenanças desta cidade, e sahindo de guarda com a sua companhia com todo zelo e cuidado como era notorio, e que por estes requizitos preferia a qualquer outra pessoa, e pedindo por isto fosse-lhe feita concessão dos alludidos terrenos para edificar cazas, foi resolvido que em attenção aos serviços prestados pelo Capitão das Ordenanças Francisco Pinto, com muito zelo, trabalho e dispendios lhe fosse dada a concessão, com a obrigação de levantar casas dentro de um anno, no governo de João da Maia da Gama.
Nº 98 EM 23 DE JANEIRO DE 1712
Manoel da Cruz de Oliveira, Francisco Martins de Mattos e Capitão Antonio Affonso de Carvalho, dizem que tendo servido a S. M. na conquista dos sertões, fazendo guerra ao gentio bravo com gasto de sua fazenda, e até o presente não lhes sendo dado cousa alguma, e elles supplicantes tinham umas creações de gados e não tinham onde os situar senão no sertão das Piranhas, onde chamão a serra do Patú por estarem desaproveitadas, que descobriram a sua custa e risco de vida, cujas terras começam do rio do olho d’agua da dita serra, onde está uma gamelleira, e para situarem seus gados e fazerem suas lavouras lhes eram necessarias seis leguas de terras do dito olho d’agua para o poente e para o nascente duas leguas, cujo olho d’agua fica da dita serra para a banda do sul e dita serra para banda do norte, toda terra que se achar devoluta dentro das seis legoas para parte do poente e duas para o nascente no logar confrontado. O provedor da fazenda opinou que se concedesse a terra pedida com uma legua de largura. Foi feita a concessão com a declaração de que se repartissem igualmente e de tal sorte que não ficasse prejudicado o Capm. Antonio Affonso de Carvalho por ter o gado do contracto do disimo real para situar, e com a condição apontada pelo provedor, no governo de João da Maia da Gama. Esta concessão foi confirmada pelo Rei de Portugal em 17 de Maio de 1715.
Nº 99 EM 5 DE FEVEREIRO DE 1712
Capitão Bento Correia Lima, morador em Goyanna, diz que possuindo gado não tinha terras onde crear, e se achando terras devolutas no sertão das Piranhas, e que nunca foram pedidas, as terras de um olho d’agua que corre junto da serra a que o gentio chama Cunhacú, a qual está nas ilhargas de uma data que pediram os Oliveiras no rio de Piranhas para a parte do norte e porque podiam achar alguma capacidade fora deste logar, que seja incognita e esteril, requeria tres legoas de comprimento e uma de largura, e porque havia noticias de ter mais alguns olhos d’agua daquela brenha, para os poder alcançar pedia que fossem salteadas. Declarou o supplicante depois da informação do Provedor, a requerimento deste, que as terras que pedia partiam pela parte do norte com os Oliveiras, pela do nascente com o Conde de Alvor e seus companheiros, ficando pela outra parte o riachos dos Porcos, que se deo e não está povoado. Foi feita a concessão de tres leguas de comprido e uma de largo, successivas e não salteadas, no governo de João da Maia da Gama.
Nº 100 EM 6 DE MAIO DE 1712
Luiz Quaresma Dourado, ajudante supra do regimento desta praça e Salvador Quaresma Dourado, dizem que constavam a elles por seu descobrimento, que no rio a que chamão dos Marcos, que divide esta jurisdicção e a do Rio Grande do Norte, estavam algumas terras devolutas capazes de crear e plantar, correndo as ditas terras pelo dito rio abaixo, de oeste a leste para a parte do mar, começando da estrada a que chamam de Uriuna, que tambem vae para a dita capitania; requeriam tres legoas de comprido e uma de largo para cada um pelo rumo do dito rio abaixo, principiando a largura de dita terra para seu medição pelo mesmo rumo do marco, que divide as ditas capitanias. Foi feita a concessão no governo de João da Maia Gama.
A cada nova postagem descobrimos um pouco mais da formação da Parahyba. Não vejo a hora de ler a próxima da sequência!
ResponderExcluirParabéns pelo belíssimo trabalho sobre Alberto Frederico de A. Maranhão, simplesmente completo.
O Fazendo História é o melhor site especializado que existe na net.
Rau Ferreira
Blog HE
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