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domingo, 6 de março de 2011

GEOGRAFIA DO RIO GRANDE DO NORTE

O artigo transcrito a seguir é parte do livro O Brasil: Histórico, physico, político, social e econômico’, publicado por Moreira Machado, em 1919. Na transcrição, conservou-se a grafia original para manter o seu valor histórico.


ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE EM 1919

Moreira Machado

Limites - A Norte e a Leste é banhado pelo Oceano Atlântico; ao Sul, confina com o Estado da Parahyba, separado pelo rio Guajú e pela serra de Luiz Gomes; ao Oeste e Noroeste, limita-o o Ceará pela barra do rio Apody ou Mossoró, até 12 kilometros acima e pelas serras do Apody, Camará, Padre, Balanças e Cachorro-Morto. Os limites do Ceará e Rio Grande do Norte, pela barra do rio Mossoró e por este rio até 12 kilometros acima, são litigiosos. Essa questão foi já uma vez derimida pela Justiça Federal, com prejuízo para o Ceará, ficando os limites no morro de Tibau e dahi, em linha recta até a serra das Antas, e passando a pertencer ao Rio Grande do Norte toda essa zona, chamada zona dos Grossos.



Superfície - 57.485 kilometros quadrados.

População - 424.308 habitantes.

Extensão costeira - 420 kilometros.

Historia - Em 1597, Manoel de Mascarenhas, fundou o povoado de Natal.
Os Hollandezes apoderaram-se do Rio Grande em 1632, sob a direcção de Calabar, ficando a cidade e o porto em poder do invasor até 1645. Em 1654, D. João IV deu parte dessa capitania a Manoel Jordão, que pereceu num naufrágio, não podendo assim tomar conta delia.
Em 1599 teve o titulo de condado e foi dado a Lopo Furtado de Mendonça. Depois continuou a ser, como anteriormente, capitania, ora dependendo da Bahia, ora de Pernambuco. Na revolução de 1817, por um abuso de autoridade do governador José Ignacio Borges, tornou-se independente de Pernambuco, ligada directamente á Corte. Em 1822, constituio uma das provindas do Império. Depois, fez parte da Confederação do Equador, com o Ceará, a Parahyba, Pernambuco e Alagoas. Após a proclamação da Republica, a 15 de Novembro de 1889, passou a Estado autonomo, fazendo parte da União brasileira, sendo o seu Poder Executivo exercido por um governador, tendo um vice governador para substitui-lo nos seus impedimentos, e o Poder Legislativo exercido pelo Congresso do Estado.

Systema fluvial - Entre os principaes rios do Estado está o Apody, que nasce na serra do Luiz Gomes e desagua no oceano, com o nome de Mossoró, em cuja barra estão as maiores salinas do Estado. Tem 300 kilometros de curso, sendo accessivel, até Mossoró, a barcos de pequeno calado; está, porém, sujeito a ficar quasi secco, quando faltam as chuvas. O rio Assú ou Piranhas, que nasce na Parahyba, atravessa esse Estado e o Rio Grande do Norte, e desagua no oceano por cinco boccas. Só é navegável por canoas. O Ceará Mirim que nasce na Serra de Santa Rosa e desagua no Atlântico, após 300 kilometros de curso, é sujeito a grandes cheias que inundam os valles largamente. A sua barra é de difficil entrada, cheia de recifes, mas tem fundo bastante para as pequenas embarcações.
Foi o rio Potengy que deu o nome ao Rio Grande do Norte, porque assim primitivamente era chamado.
Nasce na serra da Borborema. A sua barra é bastante perigosa e já o foi mais, antes de ser dragada como está hoje e se haverem plantado as dunas movediças, como meio de as fazer parar. O Curimatahú ou Cunhaú nasce na Parahyba e desagua no oceano, por uma barra toda inçada de recifes. O Guajú separa o Rio Grande do Norte da Parahyba e desemboca no oceano, formando uma barra cheia de coroas e baixios.

Montanhas - As montanhas deste Estado, fazem parte do systema da serra do Mar.
A principal serra é a da Borborema, que ahi termina aos 6° de latitude S., depois de ter percorrido os Estados de Pernambuco e Parahyba, serra esta que contém o ponto culminante do Estado a 850 metros de altitude.
Além da serra da Borborema, encontram-se as de Apody, S. Miguel e Luiz Gomes que servem de limites com os Estados vizinhos e as de Martins com 20 kilometros de cumprimento; Porto Alegre, unida á precedente pelo lado de O.; Camillo, com 23 kilometros de comprimento; Patú, João do Valle, Tavares, S. Sebastião, Mossoró, Bomfim, Sant'Anna de Mattos, S. Bento, Cabello-Não-Tem, Negra, Picos, Chapéu, Santa Cruz, etc.

Producções - A principal riqueza do Estado é a criação de gado.
A sêcca, porém, que flagellou o Estado em 1915, foi, altamente lesiva á economia publica e privada.
Os prejuízos soffridos pela criação, podem ser avaliados em cerca de 70 %. Fazendeiros antigos e abastados ficaram, em sua maioria, reduzidos a um numero insignificante de rezes, núcleo destinado a uma lenta reproducção para a ceifa de seccas futuras, si não se organizar combate systematico ao flagello nas
differentes modalidades sob que elle se apresenta.
Informações de pessoas fidedignas, domiciliadas nas duas regiões pastoris do Estado, o agreste e o sertão, certificam que a grande mortandade dos bovinos foi occasionada principalmente por varias epizootias, entre as quaes se destacou, com maior coefficiente eliminador, a denominada moléstia do chifre.
Esta doença acommetteu, de modo indistincto, a massa global do rebanho, dizimando as rezes de todas as edades, qualquer que fosse a sua robustez.
Na agricultura, a producção principal é do algodão, a qual tem até prejudicado bastante a dos cereaes.
A segunda é a da canna que dá extraordinariamente no valle do Ceará-Mirim, produzindo quasi sem amanho, ao abandono, á lei da natureza. O município de
S. José de Mipibú é muito fértil e grande productor de canna. A Serra do Martins é feracissima; produz bem, canna, algodão e cereaes. Alguns municípios produzem fumo em pequena quantidade. Não ha quasi, como já se disse, methodos de lavoura. Os processos seguidos são os mais rudimentares; e até o arado raramente se emprega. Agora é que vão melhorando um pouco as condições da agricultura. Já existem alguns engenhos de canna a vapor; e, quando as obras que se effectuam contra as crises das sêccas estiverem promptas, a lavoura se desenvolverá consideravelmente.
A industria extractiva também se acha em atrazo, limitando-se á exportação do sal, que é retirado em ímmensa quantidade nos districtos salineiros do Norte (Macau, Assú, Mossoró), e a cera de carnahuba, arvore que existe no Estado em prodigiosa quantidade.
Os engenhos de assucar, existem ainda em pequena quantidade e poucas fabricas de tecidos merecem ser citadas - como a de Natal, que aliás fabrica productos regulares.
A exportação feita pelos três principaes portos do Estado - Natal, Macau e Areia Branca, em 1910 - foi de 14.849 toneladas de productos, no valor de 10.088:374$000. Nesta exportação, o algodão figura em 1º logar, com quantia superior a 8.000:000$000, vindo depois, successivamente, os couros e pelles, e a cera de carnaúba.

Vias de communicação - Ha duas estradas de ferro: a de Natal a Nova Cruz, com 128 kilometros e 720 metros de extensão, passando por S. José, Penha e Goyanninha, hoje ligada a Parahyba e a de Natal a Itapauroca com 45 kilometros.
Pelo littoral, o Estado communica-se com os Estados vizinhos e com os seus diversos portos pelas companhias de vapor. O Lloyd Brasileiro faz escala por Natal; a Companhia Pernambucana faz seus navios tocarem em Mossoró e Macau; a Companhia Salinas tem também escala em Mossoró, Macau e Natal. Os portos salineiros são muito frequentados, não só por vapores da cabotagem nacional, como por pequenos barcos á vela e navios estrangeiros que vêm carregar sal. Pelo interior, as communicações são feitas por estradas de rodagem sem valor, descuidadas.

Capital - Natal, com 20.000 habitantes, á margem direita do rio Potengy ou Rio Grande do Norte de cuja fóz dista 3 kilometros. Foi fundada em 1597 e está defendida pelo forte dos Três Reis Magos.

Cidades principaes - Macau, Mossoró, S. José, Touros.

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FONTE: MACHADO, Moreira. O Brasil: Histórico, physico, político, social e econômico. (Obra adoptada na Escola de Commercio ‘Alvaro Penteado’ e em diversos gymnasios e escolas de S. Paulo e do Brasil). São Paulo: Casa Duprat, 1919, p. 483-488.

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