este

src="http://www.google.com/friendconnect/script/friendconnect.js">

sábado, 21 de maio de 2011

AS VIAGENS DE PEDRO TEIXEIRA E DO PADRE D’ACUÑA AO RIO AMAZONAS

Mr. De La Condamine

Comumente se crê que o primeiro europeu que fez o reconhecimento do rio das Amazonas foi Francisco d’Orellana. Ele embarcou bem perto de Quito, em 1539, no rio Coca, que mais abaixo toma o nome de Napo; deste ele veio ter a um outro maior, e, deixando-se derivar sem outro guia mais que a correnteza, chegou ao cabo Norte, na costa da Guiana, após uma viagem de 1.800 léguas (10.000 quilômetros) segundo seus cálculos.
Esse mesmo Orellana pereceu dez anos depois, com três navios que lhe tinham sido confiados em Espanha, sem ter podido achar a verdadeira foz do seu rio.
O encontro que ele diz ter feito quando descia, de algumas mulheres armadas, das quais um cacique índio lhe tinha dito que desconfiasse, foi a origem do nome rio das Amazonas. Alguns lhe chamaram Orellana; mas antes já ele se chamava Marañón, do nome de um outro capitão espanhol.

Mr. De La Condamine

Os geógrafos que fizeram do Amazonas e do Maranhão dois rios diferentes, enganados como Laet pela autoridade de Garcilaso e de Herrera, ignoravam sem dúvida que não somente os mais antigos autores espanhóis originais o designam por Marañón, desde 1513, senão que o próprio Orellana diz no seu relato que foi descendo o Maranhão que descobriu as Amazonas, o que é decisivo. De fato, este nome lhe foi sempre conservado até hoje, há mais de dois séculos, pelos espanhóis, para todo o seu curso, e desde as cabeceiras do alto Peru. Contudo, os portugueses estabelecidos desde 1616 no Pará, cidade episcopal situada próximo da boca mais oriental desse rio, não o conheciam aí senão pelo nome de rio das Amazonas, e mais acima pelo de Solimões, e transferiram o apelido de Marañón, ou de Maranhão em seu idioma, a uma cidade e a uma província inteira, ou capitania, vizinha à do Pará. Usarei indistintamente o nome de Maranhão, ou de rio das Amazonas.
Em 1560, Pedro de Úrsua, enviado pelo vice-rei do Peru a procurar o famoso lago de Ouro de Parima, e a cidade de El Dorado, que se criam vizinhos das margens do Amazonas, chegou a este rio por um afluente que vem do lado do sul, de que falarei a seu tempo. O fim de Úrsua foi ainda mais trágico do que o de Orellana, seu predecessor. Úrsua pereceu às mãos de Aguirre, soldado rebelde que se fez proclamar um rei. Este desceu a seguir o rio, e depois de longa rota que não está ainda bem esclarecida, tendo levado a toda parte a morte e a pilhagem, acabou por ser esquartejado na ilha da Trindade.
Semelhantes viagens não faziam grandes luzes quanto ao curso do rio. Alguns governadores particulares fizeram depois, com tão pequenos resultados, diversas tentativas. Os portugueses foram mais felizes do que os espanhóis.
Em 1638, um século depois de Orellana, Pedro Teixeira, nossas léguas comuns (cerca de 10.600km). A relação de tal viagem foi impressa em Madri em 1640. A tradução francesa feita em 1682, por M. De Gomberville, está nas mãos de toda gente.
O mapa muito defeituoso do curso desse rio, devido a Sanson, calcado em relato puramente histórico, foi depois copiado por todos os geógrafos, por falta de novas memórias, e não tivemos melhor até 1717.


Então apareceu pela primeira vez em França, no duodécimo tomo das Cartas Edificantes, uma cópia de cada carta gravada em Quito em 1707, e dirigida desde 1690 pelo padre Samuel Fritz, jesuíta alemão, missionário nas margens do Maranhão, rio que ele percorrera em toda a extensão. Por essa carta se soube que o rio Napo, que era ainda considerado a verdadeira fonte do Amazonas ao tempo da viagem do padre d’Acuña, não passava de um rio subalterno, que engrossava com suas águas as do Amazonas; soube-se outrossim que este, sob o nome de Marañón, saía dum lago perto de Guanuco, a trinta léguas de Lima. De resto, o padre Fritz, sem pêndulo e sem luneta, não pôde determinar nenhum ponto em longitude. Ele não dispunha senão de um pequeno semicírculo de madeira, de três polegadas de raio, para as latitudes; enfim, ele estava doente quando desceu o rio até o Pará. Basta ler o seu jornal manuscrito, do qual possuo uma cópia, para  ver que vários obstáculos, então e por ocasião de sua volta à missão, não lhe permitiram fazer as observações necessárias para tornar exata a carta, principalmente na parte inferior do rio. Esse mapa não foi acompanhado de notas, a não ser algumas na mesma folha, quase sem qualquer pormenor histórico; de sorte que nada se sabe na Europa de hoje em dia quanto ao que enviado pelo governador do Pará à frente de um numeroso destacamento de portugueses e índios, subiu o Amazonas até a confluência do Napo, por terra, com alguns portugueses de sua tropa. Foi bem recebido pelos espanhóis, pois que ambas as nações obedeciam então ao mesmo senhor. Ele volveu, um ano decorrido, ao Pará, pelo mesmo caminho, acompanhado dos padres d’Acuña e d’Artieda, jesuítas, nomeados para prestarem contas junto à corte de Madri das particularidades da viagem. Eles calcularam o caminho a partir da aldeia de Napo, lugar do embarque, até o Pará, em 1.356 léguas espanholas, o que vale mais de 1.500 léguas marítimas, e mais de l.900 das concerne aos países atravessados pelo Amazonas, além do que se havia aprendido há mais de um século pela “Relação” do padre Acuña.
O Maranhão, depois de saído do lago onde nasce a onze graus de latitude austral, corre para o norte até Jaén de Bracamoros, na extensão de seis graus, daí ele se torna para o este quase paralelamente à Linha Equinocial até o cabo Norte, onde entra no oceano à altura mesma do Equador, após ter percorrido, desde Jaén, onde começa a ser navegável, trinta graus em longitude, ou 750 léguas comuns, avaliadas pelos rodeios em 1.000 ou 1.100 léguas. Ele recebe do norte e do sul um número prodigioso de outros rios, muitos dos quais têm quinhentas ou seiscentas léguas de curso, não sendo alguns inferiores ao Danúbio e ao Nilo. As margens do Maranhão eram ainda povoadas, não faz um século, por um grande número de nações, que se retiraram para o interior das terras, mal viram os europeus.
Aí não se encontram hoje senão umas poucas povoações de naturais do país, recentemente retirados dos bosques ou eles ou seus pais, uns pelos missionários espanhóis do alto do rio, outros pelos missionários portugueses estabelecidos na parte inferior.
Há três caminhos que conduzem da província de Quito à de Mainas que empresta o nome às missões espanholas das margens do Maranhão. Esses três caminhos atravessam aquela famosa cadeia de montanhas, cobertas de neve, conhecidas como a cordilheira dos Andes. O primeiro, quase sob a Linha Equinocial, ao oeste de Quito, passa por Archidona, e leva ao Napo; foi o caminho que tomou Teixeira de volta de Quito, e o do padre Acuña. O segundo é por uma garganta ao pé do vulcão de Tonguragua, a grau e meio de latitude austral; por aí se chega à província de Cañelos, atravessando várias torrentes cuja junção faz o rio chamado Pastaça, que entra no Maranhão cento e cinqüenta léguas acima do Napo. Esses dois caminhos são os que tomam ordinariamente os missionários de Quito, os únicos europeus que freqüentam essas regiões, cuja comunicação com a vizinha província de Quito é quase totalmente interrompida pela cordilheira, que não é praticável senão alguns meses do ano. O terceiro caminho é por Jaén de Bracamoros, cinco graus e meio de latitude austral onde o Maranhão começa a ser navegável; e este é o único por onde se possam conduzir bestas de carga ou de montaria de marcha a pé, e é preciso tudo levar às costas dos índios; entretanto este é o menos concorrido dos três, tanto por causa das longas voltas e das chuvas contínuas, que tornam as rotas quase impraticáveis durante a mais bela estação do ano, quanto pela dificuldade e perigo dum desfiladeiro, chamado o Pongo, que se topa ao deixar a cordilheira. Foi principalmente para conhecer por mim mesmo tal passo, de que não se falava em Quito senão com uma admiração entremisturada de medo, e para abranger na minha carta toda a extensão navegável do rio, que escolhi esta última rota.

Um comentário:

  1. Digitando Acta Diurna, no google, cheguei ao Fazendo História.Fiz leituras das crônicas de Cascudo e vim para o início.
    Gosto de História,conheço um pouco e aprendi mais sobre os primórdios da Amazônia.
    Minhas raízes, estão no Rio Grande do Norte.Gostaria de ler as Actas Diurnas que falam de Dedê do Cunhaú. Meu bisavô, Vicente Ferreira de Paiva, foi morto a mando dele. Tenho uma carta de Câmara Cascudo, a meu pai, que confirma o que falei acima. Meus ascendentes, viveram no Engenho Tamatanduba, vizinho ao Engenho do Cunhaú.
    Pesquiso, sobre a genealogia da Família Castro Paiva.
    Tenho interesse na história do RN. Vou seguí-lo, então , façamos História...
    Um abraço.

    ResponderExcluir

PESQUISA NO SITE