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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

SESMARIAS DA CAPITANIA DA PARAHYBA

JOÃO DE LYRA TAVARES





APONTAMENTOS PARA A HISTÓRIA TERRITORIAL DA PARAHYBA



Edição Fac-similar





Coleção Mossoroense
Volume CCXLV
1982






SESMARIAS DA CAPITANIA DA PARAHYBA


Nº 1 EM l0 DE JANEIRO DE 1586

Data de terra e Sesmaria nas margens do Parahyba, conceedida a Joao Affonço, extrahida de Autos do Cartorio do escrivao Jorge Chaves.
Saibam quantos este publico instrumento de Datta de Sessmaria deste dia para todo sempre virem que no anno do Nascimento de N. S. Jesus Christo de mil quinhentos e oitenta e seis annos nesta Povoação de N. Senhora das Neves, Capitania da Paraiba nas Pousadas de mim Escrivao por João Affonço morador na Capitania de Pernambuco me foi dada uma petição de Data com um Despacho nella do Snr. Martim Leitão Ouvidor Geral que proveio por serviço de Sua Magestade nesta Capitania em todas as causas e assim do Snr. João Tavares, Capitão e Governador desta dita Capitania, requerendo-lhe fizesse deligencia a qual petição e Despacho he o seguinte: Snr. Diz João Affonço hora estando nesta Capitania, da Paraiba que elle tem servido a S. Magestade a muitos annos a esta parte, nestas partes do Brasil e especialmente na conquista desta dita Capitania com muito risco de vida e despeza de sua fazenda vindo quando Fernão da Silva veio a esta conquista acompanhando-o com armas e com cavallos, escravos e gente branca a sua custa, e outro sim veio com o Licenciado Simão Rodrigues Cardoso, com D. Felippe de Moura e corn vossa mercê duas vezes, servindo em tudo muito bem com muita deligencia a S. Magestade sem até hoje de seus serviços ter satisfação alguma e porque era esta Capitania comesssada a povoar e tem necessidacle de moradores e de pessoas ricas que a possam povoar e porque elle supplicante he homem rico e afortunado e tem cabecal com que muito bem possa susstentar a Povoação deste forte com seus escravos, e criações com que possa fazer muitos serviços a S. Magestade com povoar e cultivar esta terra e fazer nella fazenda Pede a Vossa Mercê em nome de S. Magestade lhe faça mercê de dar e doar uma legoa de terra de Sesmaria forra, livre, izenta e desembaraçada para seus filhos e herdeiros e successores sem della nem das novidades que nella colher pagar pençam alguma, nem foro agora, nem em tempo algum salvo o Disimo a Deos a qual legoa de terra sera em quadro e a poderam medir' da boca do Rio chamado Unna donde se mete do Rio da Paraiba da dita boca do Rio meia legoa para o Sul e uma passando o Rio da Paraiba o qual lhe ficará em meio da dita terra de maneira que a dita agoa e Rio de Unna lhe fique dentro na dita legoa da terra sendo caso que na dita legoa de terra nao quida (?) para fazerem um engenho, possa livremente pelo Rio arriba ir tomar a dita que dá e asude para fazer engenho e assim mais todas as agoas que na dita terra houver com a dita agoa do dito Rio fazer um engenho ele assucar ou onde quer que melhor poder e do dito Rio aproveitar-se com todas as lenhas e madeiras que forem necessarias, que na dita legoa houver, com todas as serventias, pertences, logradouros que the forem necessarios, sendo caso que na dita terra, que as ditas terras dada correrá a dita legua pela dita maneira pelo Rio arriba da Paraiba donde mais proveitoso parece e da maneira que se me faz menção, ou como melhor lhe parecer delle suplicante e ao tempo da demarcação a qual pede lhe seja dada em nome de S. Magestade, e da dita carta lhe mandarem passar sua carta de Sesmaria na forma para com ella tomar posse da dita terra e fazer a benfeitorias e dellas mandar meter de posse real e actual e pessoal para delia e nelle fazer como coisa sua propria para de hoje por diante as poder lavar e aproveitar. E recebera mercê.
Havemos por servisso de S. Magestade em seu nome de Sesmaria pelos ditos respeitos, que a legua de terra que pede·se entendera e correra sempre de uma parte do Rio ou da outra e tomando-se para o sul a não poderá tomar para o Norte, sempre demorando-se pelo Rio da Paraiba.
Hoje a dez de Janeiro de oitenta e seis annos com tanto que a povoe logo e aproveite e não tendo ali agoa para Engenho a podera tomar aonde achar mais perta ainda que seja salgada.
Martim Leitão. - João Tavares. - Por bem da qual despacho assim derão em nome de S. Magestade a dita terra, agoa, lenhas e madeiras para elle e todos os seus herdeiros ascendentes e descendentes deste dia para todo o sempre para que faça nella e della como de cousa sua propria que já he livre izenta sem foro nem tributo algum somente o Disimo a Ordem de Christo de tudo aquilla que o Senhor der, a qual terra lhe dão por devoluta, alias lhe dão a si por devolutas com tal condição entendimento, que logo as aproveite e por ser obrigado a registrar esta no Livro da Fazenda do Senhor dentro do tempo do Regimento e com estas declaraçoens e condiçoens e limitaçoens lhe ouverão por dada a dita terra a qual lhe demarcará e a rumará pelos rumos conteúdos no dito despacho.
Em fé e testemunho de verdade mandlarão fazer este Instrumento de data e Sesmaria que della lhe sejão dados os translados que pedirem. - Martim Leitão – João Tavares. Manoel Lopes Pinto, Escrivão das Datas e Sesmarias e outro sim se registrasse alias se regisrou no Livro do Tombo das Datas.

Nº 2 EM 8 DE FEVEREIRO DE 1587

Joam Tavares Capp. M. e Governador nesta Cidade de N. Sra das Neves Capitania da Parayba por El Rey nosso Sr. faço saber aos que esta minha Carta de Data e Sismaria virem, que no anno do Nascimento de nosso Senhor Jesus Christo de Mil e Quinhentos e Oytenta e Sette annos, aos oyto dias do mez de Fevereiro do dito anno nas pouzadas de mim escrivao pareceu Francisco Giz Morador nesta Cidade, e por elle me foi dado huma petição com hum despacho do Sr. Joam Tavares Capitão e Governador, a qual petição e despacho He o seguinte, Sr Diz Francisco Gonçalves Serralheiro assistente nesta povação da Parayba, em a qual esta em serviço de Sua Majestade que a elle lhe hé necessario Mil braças de terra em Joguaribe em coadra alem do Ryo da banda do Sul e assim mais a varge da banda do Varadouro com as agoas vertentes da parte e junctamente com a ilha aonde he Aldea do braço do Peixe, contestando com agoa salgada. O que se achar para nella dita terra fazer bemfeytorias, pelo que pede a vossa mercê lhe mande passar sua Carta de data e receberá mercê. Passe Carta ao Suplicante de mil braças de terra em coadra na parte que pede, de Cincoenta braças da banda dos Manguez no Varadouro para casas e quintal, não prejudicando aos Caminhos e Serventias desta Povoação ‘Joam Tavares’. Por bem do qual despacho lhe dou em nome de Sua Majestade para elle e para todos as que após delle vierem com todas as entradas e sahidas logradouros e que faça nella como cousa sua que ja hé deste dia para todo o sempre. O qual será mettido de posse real e autual e corporal e com estas condições; lhe ouverão por dada: a qual será registada no Livro da Fazenda do dito Sr. Em fé e testemunho de verdade mandaram ser feita dita Carta de data Sismaria e que desta lhe sejão dado os treslados que lhe comprirern. E eu Bentto Roiz, escrivão das datas e demarcações nesta Capitania o escrevy. ‘Joam Tavares’ e eu Antonio da Costa escrivão da fazenda a registei bem e fielmente, da propria que tornei a (....) hoje vinte e sete de fevereiro de Oytenta e Sette annos ‘Antonio da Costa’. E eu Mathias Leytam escrivao da Fazenda de Sua Majestade, Alfandiga e Almoxarifado nesta Capitania da Parayba por El Rey nosso Sr. tirei este treslado do livro dos Registos a que me reporto em todo e por todo. O qual treslado o tirei por mandado do Pro.or da Fazenda do dito Sr. E me assigno hoje dez de juho de mil e seiscentos e seis annos. Mathias Leytam. Concertado por mim escrivao cia Fazenda Mathias Leytam.

Nº 3 EM 21 DE MARÇO DE 1589
Furtuoso Barbosa, fidalgo da casa de El-Rey nosso Sr. Capitão e Governador desta Capitania da Parayba por Sua Majestade, faço saber aos que esta minha carta de pura e revogavel doação deste dia para todo a Sempre virem e conhecimento della com direito pertencer que a mim me enviou dizer por sua petição Gaspar Glz, filho de Gaspar Manoel Machado morador nesta cidade, que elle viera com seu Pay a esta Capitania e fora dos primeiros Moradores que a ella vieram e em todas as guerras que nella se fizeram e rebates, em todos se achara sempre muito prestez com suas armas e nas vigias que nesta cidade sse fizeram vigiara sempre sem nunca elle ter' soldo de Sua Majestade e nem lhe ter feito m.ce alguma de dada de terra nem de chãos para casas, ora queria fazer humas casas pedindo-me que no cabo da Rua Nova da banda de Loeste aonde não for dado por mim lhe fizesse m.ce de dez braças de chãos para fazerem suas casas como os mais vizinhos. Havendo respeito ao acima dito recebera mercê segundo que tudo isto melhor se continha na dita Pitiçam a qual vista por mim por meu despacho mandei que visto não ter chãos e as razões que allegam lhe passassem Carta de sete braças de testada com quinze de quintal não estando dado por mim. Em onze de Novembro de mil e quinhentos oytenta e oyto annos.
Por bem do qual meu despacho lhe mandei passar a presente pela qual em nome de Sua Majestade dou e faço pura irevogavel doacção deste dia para todo o Sempre ao dito Gaspar Gonçalves para elle e para todos seus filhos, herdeiros e successores que apos elle vierem convem a saber das ditas sete braças de testada e quinze de quintal no lugar onde diz que no Cabo da Rua Nova indo para as Aldeyas da banda do Loeste cump.re que não seja dado e se arrumará com a derradeira dada, as quaes lhe dou por forras, isentas Dizimo a Deus, para nellas fazer casas e bemfeitorias e lhes dou por forras, isentas Dizimo a Deus, sem foro nem penção alguma e com todas as suas entradas e sahidas, pertensas, serventias e logradouros que directamente lhe pertencerem e para certeza della rnandei dar esta pela qual mando aos officiaes demarcadores lhe demarquem as ditos chãos e  lhe dem a posse delles e lhe deixem ter e continual e delles e em ellas fazer o que quizer e por bem tiver. Esta registará nos Livros do Registo da Fazenda e se cumprira como nella se contem. Dada sob meu signal e sello nesta Cidade Felipea de N. Sra das Neves, Capitania da Parayba em vinte e um de Março Virissimo de Sande a fez em Mil e quinhentos e oytenta e nove annos e a tresladiu da propria Notta com que a concertei na verdade “Governador Furtuoso Barboza” Cumpra-se ‘Souza’.
Fica registada esta Carta no Livro da Fazenda as folhas tresentas e sesenta e seis por diante por mim Baltesar de Nobrega escrivão da Fazenda de Sua Majestade em onze de Março de Mil e quinhentos e oytenta e nove annos ‘Baltezar de Nobrega’ pagou cem rs. Trespasso esta Carta de Dada aos P. P. de S. Bento por lhe pertencer por eu a herdar de meu filho Gaspar Gonçalvez e por elle assim o pedir lhes desse por sua Alma hoje vinte e seis de Agosto de Seis centos e dez e por verdade me assigno testemunhas prezenttes ‘Gaspar Manoel Machado’ ‘Joam de Sande’ Baltezar Maciel de Andrade.
(Tombo de S. Bento. Esta e a sesmaria nº 2 foram publicadas no jornal ‘União’, por D. Urico Sonntag, Prior nesta capital da referida Ordem).

Nº 4 EM 21 DE JANEIRO DE 1595

Reverendo Padre Frei Damiao da Fonseca diz que era presidente do Mosteiro da Villa de Olinda do Glorioso Padre Bento, e que elle por' mandado do seu Reverendo Padre Geral, Movido do Zelo do serviço de Deus Nosso Senhor e de Sua Magestade veio ora a esta cidade de Filipea da Parahyba a pedir um sitio para edificação de um Mosteiro do dito bemaventurado Padre S. Bento, daqual resultava grande serviço ao Senhor Deus e ao povo christão, pelo que pede que em nome de S. M. lhe de o sitio que está junto das terras de João Netto no arrabalde e termo desta cidade, convém a saber, para edificação do Mosteiro oitenta braças em quadro no alto para a banda do sul, e para a serca abaixo da varge com aguas vertentes do oeste, leste e sul indo entestar no rio Eiroy, da banda do norte ficando dentro da dita demarcação a fonte que está na nossa nova que fez Francisco Pinto, a qual fonte ficará por marco da banda de leste, o que pede lhe de ou por baldia ou devoluta ou sesmaria pelo melhor modo com que fique seguro para sempre, isto sem foro nem censo nem pensão alguma, mas forro, livre e isento, somente Dizimo a Deus, Recebera Caridade. Foi feita a concessão, com a obrigação de começar o Mosteiro dentro de dois annos, no governo de Feliciano Coelho de Carvalho. Esta concessão foi confirmada em Olinda a 16 de Julho de 1603.

Nº 5 EM 19 DE SETEMBRO DE 1599

Padre Fr. Anastacio da Ordem de S. Bento, diz que elle veio com licença de seu Prelado a esta cidade da Parahyba para nella com o favor de Deus edificar o Mosteiro do dito habito a pedimento de V. S.a visto seu santo Zelo e vontade, que V. S.a tem para o serviço de Deus e de S. M. e do bem commum desta terra e por ter visto por si e por parecer de algumas pessoas bem inclinadas ao serviço de Deus, que o melhor logar e comodo para este edificio era a casa que foi de João Vaz Salem com a terra que corre para Agoa, pede lhe mande dar dita casa com a terra visto como se ha de vender a pregão e que algumas pessoas com suas esmolas querem lançar nellas para o dito Mosteiro, dando-lhas começara logo haver convento nesta Cidade do Partriarcha Sam Bento e porquanto religiosos desta ordem não pedem pelas ruas nem aqui tem rendas pedem outro-sim a V. S.a que a conta de EI-Rey ou por outro meio algum se lhe mande asssignar cousa com que se possam; por entretanto sustentar tres ou coatro religiosos e receberá mercê e caridade.
Em 18 de Setembro de 1599 reunidos Feliciano Coelho de Carvalho, Capitão e governador, na Fortaleza desta cidade, o Proovedor da Fazenda e os Officiaes da Camara e mais povo foi assentado o seguinte: que quanto ha o que pede o Revd. Padre acerca do sitio e casas que ficaram do P. Vigario João Vaz Salem de Sancto lhe queriam fazer e fazem bom por aquillo porque em pregão ou avaliação se vender, outro sim lhe dá o dito governador os mais chãos e terras que cabem do dito sitio do Padre João Vaz até o canto da rua que vae para a fonte e Varadouro, correndo pela dita rua abaixo até entestar com fonte de que ora serve esta cidade, de qual fonte lhe dão a 3ª parte da agoa do posso que está feito com condições que em tempo algum não façam outro posso mais fundo nem outra bemfeitoria que faça prejuiso a dita Agoa, nem tapem nem tolhão ao Povo, salvo a dita terça parte que lhe caber servindo-se do dito poço somente com Caldeirão. A cerca do Mosteiro ira donde a dita Agoa corre direeta aos Mangues e dos ditos mangues ira correndo até entestar com os chãos e terras que foi dada aos Padres Capuchos com declaração que a pedreira da Cantaria que o dito Padre João Vaz descobriu ficará liberta para o povo com caminho para serventia della fora da Cerca, a qual tempo algum tolharão, porque lhe não dão nem darão por dada por assim o aver por serviço de Sua Magestade. Quanto ao que o dito Padre pede para ajuda da sustentação dos tres ou coatro religiosos que em sua petição diz, lhes parece a elles todos bem que se lhe dê as ordinarias que Sua Magestade por sua provisão dava aos P. P. Capuchos para bem da Sachristia e assim mais cem mil reis para sustentação dos ditos coatro Padres visto não terem outro remedio por estar a terra pobre por as continuas guerras que esta capitania até agora teve por se hirem daqui os P. P. de S. Francisco e desampararem seus mosteiros e Igrejas, largando o serviço de Sua Magestade e a Dotrina dos Indios, da Companhia ser mandado por S. M. de se fossem desta capitania e por muita falta que avia de Padres e por a terra estar sem dotrina aos Indios escreveu o dito Capitão aos Padres da Companhia viesssem administrar a dotrina ao dito Gentio, e responderam o que se pode ver por escripto e por estar esta capitania neste estado, escreve elle dito Capitão e Camara ao Revd. Padre Abbade de S. Bento da Capitania de Pernambuco mandasse padres para esta capitania para edificarem Mosteiro, o que elles fizeram e vem para isso, pelo que visto os ditos Padres estarem prestes para cumprirem com a sua obrigação e fazerem o serviço de Deus e de S. M., pediram elles todo a elle dito Capitão e Provedor e mais Officiaes de Fazenda de S. M. os provesse com o sobreedito e desse a dita esmola, outro sim pediam a elle dito Capitão que visto ajudarem elles todos os Padres de São Francisco a fazer o Mosteiro novo que está por acabar, que desampararam e nelle esta alguma Madeira ainda em pé para não·se acabar de perder e alguma telha que esta no chão danificada, aja por bem em serviço de S. M. se aproveite e se dê aos ditos Padres de S. Bento para se não acabar de perder o que tudo requerem de Mercê de S. M., pois daqui se pode resultar tanto serviço de Deus na conservação de tanto gentio que de novamente he descido a esta Capitania e para dotrina dos Moradores e seus filhos.
Governo de Feliciano Coelho de Carvalho.
(Esta e a sesmaria nº 4 existem registradas no Tombo da Ordem de S. Bento, nesta capital, e foram publicadas no livro ‘Datas e Notas’ de Irineu Pinto).

Nº 6 EM 27 DE NOVEMBRO DE 1613

Ambrosio Fernandes Brandao, capitão de infantaria, moorador nesta capitania e dos primeiros conquistadores, diz que indo muitas vezes por capitão de infantaria nas guerras aos genntios Petigoar e Francezes, e que sendo possuidor de dois engeenhos de fazer assucar moentes e correntes, queria fazer outro novo engenho na ribeira de Gargau; e por que lhe era necessario mais terras do que as que tinha, assim para lenhas como para logradouro dos citos engenhos, requeria a concessão de duas ilhotas, que estão entre o rio que chamão do Francez e o rio Gargaú que são as primeiras que vão para o rio da Parahyba, depois da ponta da terra firme, que está entre os ditos rios, onde era costume estar uma rede de pescar. Foi feita a concessão pelo capitão-mor João Rabello de Lima.

Nº 7 EM 19 DE DEZEMBRO DE 1614

Os indios da Aldeia da Jacoca situada nesta capitania em virtude de um despacho do governador passado a instancia delles supplicantes lhes foi limitado pelos officiaes da Camara desta Cidade para suas lavouras toda a terra que se continha da barra do Gramame da banda do sul correndo para cima do rio Jacoca até dar no caminho que hia da dita Aldeia para Tibiri e dahi correndo rumo direito ao rio Sabauna e dahi a barra do rio Abiai, ficando-lhe toda a dita terra por costa e sertão da barra e porque a queriam ter por carta, para com isso não terem mais differença com os brancos e conservarem sua Aldeia pediam que visto o despacho do Sr. Governador e deligencia que de sua parte se fizera pelos ditos officiaes da Camara desta cidade, lhes desse de sesmaria, mandando passar-lhes carta e que se lhes desse sua posse por devolutas e desaproveitadas attento que foram os conquistadores della nos tempos das guerras com os petiguaras, ajudando sempre os brancos a conquista e povoação desta caapitania e avendo alguns brancos que nellas de pouco tempo a esta parte estivessem com pretenção de posse e adquirido direito despejassem visto o muito e serviço que era de S. M. e bem desta capitania, visto, outro sim, não serem terras capazes de engenho e só servirem para mantimentos e conservação da dita Aldeia. Foi feita a concessão no governo de João Rabello de Lima.
(Livro de Registro da Camara da Jacoca. Esta e a sesmaria nº 1 deste livro foram encontradas pelo illustre historiador paarahybano Irineu Pinto, que gentilmente forneceu as respeetivas copias para esta publicação).

Nº 8 EM 3 DE JANEIRO DE 1615

Francisco Gomes de Oliveira, morador nesta capitania, diz que havia muitos annos que era nella morador e em todo tempo se offerecia e prestava serviços a S. M. e até hoje não tinha terra alguma em que podesse fazer suas roças e trazer seus gados, e vindo a sua noticia haver terras devolutas na ribeira de Camaratuba, pedia uma legoa de terra em quadro em qualquer das testadas das filhas de Affonso Matto, a qual poderia tomar do comprimento na largura e da largura no comprimento, podendo tomar dila legoa de terra pela ribeira acima, aonde estivesse por dar.  Foi feita a concessão pelo capitão-mor João Rabello de Lima.

Nº 9 EM 15 DE JANEIRO DE 1615

Affonso Netto, morador nesta capitania do principio da povoação della, diz que tendo gasto muito dinheiro na sua conquista em todas as guerras e encontros com os gentios e francezes, por esses serviços pedia a mercê para seus filhos, de duas legoas de terras na passagem de Manguape, caminho de Cupaóba em Taqui-tapera do Curimacuy, indio petigoar, as quaes se mediriam da dita tapera uma legoa pelo rio acima, outra para baixo com meia legoa de largura para cada banda do rio.
Foi feita a concessão pelo capitão-mor João Rabello de Lima.

Nº 10 EM 13 DE MARÇO DE 1615

Pedro Hará Ravasco, morador nesta capitania, diz que ha muitos annos servia a S. M. nesta capitania e na do Rio Grande, e que até agora não lhe era dada terra alguma para poder grangear sua vida, e porque até agora morou e morava em Camaratuba e quer cultivar a terra, pedia uma legoa de terra em quadro na ribeira Guraja-Goirejuba, começando a medir no caminho que vae da aldeia da Taraguira para a de Taburema, pela dita ribeira acima ficando a dita ribeira em meio de dita demarcação, podendo fazer da largura comprimento e do comprimento larguura, e assim correr para baixo do dito posso até onde não fosse dada.
Foi feita a concessão pelo capitão-mor João Rabello de Lima.

Nº 11 EM 13 DE JULHO DE 1615

Antonio de Sampaio, diz que para beneficio de um curral de vaccas lhe era necessaria uma pouca de terras em Camaratuba, limite desta capitania, que era no rio Pitanga, no que fazia serviç a S. M. pela multiplicação de gado vaccum nestas partes, e ser parte remota desta cidade em mais de 15 legoas; e por isto pedia para beneficiar dito curral e casarias todas as sobras que houvessem ao largo do rio acima e abaixo de uma parte e outra da testada de Antonio Barbalho, até entestar pelo rio abaixo com terras de Sebastião da Cunha ou herdeiros de Lucas Gonçalves seu antecessor.
Foi feita a concessão pelo capitão-mor João Rabello de Lima.

Nº 12 EM 12 DE SETEMBRO DE 1615

Raphael Carvalho, morador nesta capitania ha vinte e treis annos, diz que fazendo serviços nas occasiões de guerra, que se offeerecerão e que foram muitas, contra os inimigos piratas e contra o gentio da terra, sempre a sua custa, sem mercê alguma até agora; e não tendo terras proprias em que podesse lavrar e ter os seus gados pedia para si e seus filhos legoa e meia de terra no rio Manguape arriba da passagem por onde passaram André de Miranda e Duarte Gomes da Silveira para a serra de Cupaoba a qual terra se começaria a medir pelo rio acima tanto de uma banda como de outra, e se estenderia esta terra aonde chamavam Itapute Peperituba.
Foi feita a concessão de uma legoa, pelo capitão-mor João Rabello de Lima.

Nº 13 EM 6 DE MARÇO DE 1619

Raphael Carvalho, diz que foi urn dos primeiros que com sua pessoa, creados e escravos e mais fabrica assistio de muito tempo a povoação da capitania da Parahyba, servindo em todas as occasiões de guerra, que nella houve; e porque tem uma fabrica para lavouras e grangeria, requeria nas fraldas da serra de Cupaoba, na parte que chamão Curimatay, uma legoa de terra em quadro, que começara a demarcar do dito rio Curimatay em forma que fique um poço que faz o dito rio, chamado Ibury Utinga no meio da dita legua, e fará sua demarcação adiante pelo rumo que mais quizer, fazendo da largura comprimento e no comprimento largura, e assim na mesma testada outra legoa de terra em quadro para seu cunhado Francisco Pardo.
Foi feita a concessão de 2 legoas, uma para cada urn, pelo capitão general do Brazil, D. Luiz de Sousa, na villa de Olinda, e mandada cumprir pelo capitão-mor da Parahyba. Francisco Nunes Marinho de Sá.

Nº 14 EM 11 DE JUNHO DE 1621

Manoel de Lima, diz que estava nesta capitania a 28 annos, servindo a S. M. em todos os rebates e occasiões de guerra, tudo a sua custa, e agora havia mister legoa e meia de terra na testada de Domingos Carneiro Sanches na ribeira do rio Macaré summe e na varzea chamada Pacatuba conforme a data do dito D. C. Sanches, e não havendo varzea a tomaria elle supplicante adiante onde se achasse.
Foi feita a concessão pelo capitão-mor João de Brito Correia.

Nº 15 EM 23 DE JUNHO DE 1621

Pedro Cadena, senhorio do engenho da invocação de S. João Baptista, diz que tinha no termo desta cidade sito na ribeira do Acahú o seu engenho, e para beneficio, largueza e manejo do mesmo engenho lhe era necessario uma sorte de terras, donde podesse tirar madeiras para caixarias e outras ordinarias que se gastavam em dito engenho; e assim pedia quatro legoas de terras em quadro em um rio por nome Groahuhem, ficando-lhe sempre o rio em meio, o qual estava nas fraldas do Cupaoba da banda do norte, e vinha se metter no rio Parahyba da aldeia de Itapoape para baixo, para o engenho de André da Rocha, a qual terra pooderia elle supplicante tomar, onde não fosse dada até a data dessta testada de qual heréo que lá tiver terra; e não sendo dada a poderá elle supplicante tomar da boca do rio para cima ou donde direitamente lhe caisse por maneira que sempre elle supplicante ficasse com as ditas quatro legoas de terras em quadro no dito rio Granhumhaem.
Foi feita a concessão pelo capitão-mor João de Brito Correia.

Nº 16 EM 29 DE NOVEMBRO DE 1921

Duarte Gomes da Silveira, diz que queria fazer urn engenho em umas terras que tinha ao longo da ribeira chamada Una, e porque ali tinha pouca terra para logradouro pedia a mercê de uma legoa de terra em quadro no modo que melhor a podesse tomar na testada das ditas terras da banda de leste da dita terra, para pastos e logradouros, a qual terra se começaria pelos rumos e confrontações que lhe parecesse, de modo que sempre ficasse servindo uma legoa como tinha dito; e que havendo algumas sobras de terras entre a sua terra e a que havia de tomar Antonio de Valadares na sua testada, lhe ficassem todas as que fossem encorporadas nas ditas terras, demarcando-se sempre com o Parahyba.
Foi feita a concessão pelo capitão-mor João de Brito Correia.

Nº 17 EM 21 DE ABRIL DE 1624

Antonio de Valcacer Moraes, diz que a muitos annos reside nesta capitania com sua casa e mais familia, acudindo a todos os rebates e guerras que se fiseram aos Tapuias, e até agora não lhe foram dadas terras algumas em que possa lavar e trazer seu gado; e porque no rio Manguape está uma sorte de terras devolutas, das quaes esta elle de posse com um curral há mais de dois annos sem contradicção de pessoa alguma, a qual terra havia uma legoa  de comprido e outra de largo, que partia e se começaria a medir de um rio que se mette no Manguape a que o gentio chama Patura Pesurema e que nossa lingua chama Tapecerica.
Foi feita a concessão, começando-se a medir a legoa de terra do rio Tapecerica, pelo rio Manguape, pelo capitão-mor Affonso da Franca.

Nº 18 DE 17 DE NOVEMBRO DE 1699

Alferes Custodio Alves Martins, diz que morador na capitania de Pernambuco e dezejando povoar algumas terras no sertao e tendo noticias de algumas que havia nas cabeceiras e nascenças do Parahyba, metteo com gente que levou em sua·companhia pelo sertão com pessoa pratica, por serem partes aonde até então não tinha ido gente branca pelo receio de se toparem com o gentio bravo, com despesa e risco de vida, e com effeito descobrio alguma terra que o gentio deo no nome de Cujajique, em cuja terra elle supplicante situou-se e deo o nome de sitio - S. João - e logo lhe metteo gado, correndo pelo riacho acima duas legoas e pelo riacho abaixo outras duas, fazendo novo sitio, e com effeito está de posse da referida terra a mais de tres annos procurando dentro delles com toda deligencia saber a que jurisdicçãao pertencia para as poder pedir de sesmaria, para que com legiitimo titulo podesse revalidar a sua posse, e porque tem entendido assim por  inforrnação particular e como por resolução commum e geral dos moradores daquelle sertão que as ditas terras perrtencem a jurisdicção deste governo requeria das ditas terras quatro legoas confrontadas na forma requerida, mandando passa carta de sesmaria na forma da Ord. L. 4.° til. 43 e conforme o capitulo do regim. deste governo.
Foi feita a concessão de uma legoa de comprido e trez de largo, deixando salvas pedreiras e alguma aldeia de indios, pelo capitão-mor Manoel Soares de Albergaria.
Esta coneessao foi confirmada pelo Rei de Portugal em 22 de Março de 1702.

Nº 19 EM 5 DE AGOSTO DE 1700

Sargento-mór Gonçalo de Oliveira Ledo, Matheos Pereira de Oliveira, Capitão Francisco Pereira de Oliveira, Capitão Bento Correia de Lima, Sargento-mor João de Andrade, Licenciado Luis de Mendonça de Sá, João de Souto Maior, Bernardino de Menndonça Bezerra, Tenente Francisco Fernandes, Capitão José Ferrnandes, dizem que elles supplicantes tinhão gados no sertão para povoar terras, das quaes estavam faltas, e alguns haviao feito serviços a Sua Magestade na defensa do Tapuia; e porque no sertão das Piranhas estavão terras devolutas que nunca foram doadas, e se o foram não povoaram, e conforme uma ordem do ditto Senhor se podião tornar a dar a pessoa que as povoasse para augmento dos dizimos Reais, cujas terras começavam na Cauán pelo rio Piranhas acima, as quaes pediam elles supplicantes por devolutas, quatro legoas a cada um correndo successivamente uns aos outros nomeados, e quando não houvesse sitio com agoas para todos se inteirarem o poderião fazer no rio da Vacca Morta por elle acima, o qual desagoa na ribeira das Piranhas para as povoarem nos termos que ordenava S. Magestade, pedindo lhes desse de sesmaria as ditas legoas de terras, com as confrontações desta peticão, para elles supplicantes e os seus herdeiros, por devolutas e desaproveitadas com uma legoa de largo a cada um. Tendo sido feita a concessao pelo seguinte despacho: Faço mercê a cada um dos supplicantes de duas legoas de terra de comprido e uma de largo successivamente pelo rio das Piranhas acima para o da Vacca-Morta, sem enterpollação de terra alguma, não se havendo feito dellas outra mercê, com condicção de que em cada legoa porem um curral de gado dentro de um anno de que se lhes passe carta, e quanto as terras de Acauan que estão despovoadas e a foram em algum tempo, o  Provedor da Fazenda Real mandará fixar edictos de trinta dias a que dentro de um anno seus donos as povoassem, alias passado elle se davão aos supplicantes, replicaram estas dizendo que o logar Acauan, de que fazia menção a petição nunca foram dados, e porquanto havia outro logar povoado, com um rio chamado Acauan pertencente ao Capitão Affonso de Albuquerque Maranhão e seus irmãos, vinte e cinco legoas, donde pediam elles supplicantes, sem que comprehendessem as Piranhas aonde tinha um sitio chamado Acauan, que nunca fora povoado e nem dadas as terrras, e como elles supplicantes queriam logo povoar e a carta levava a c1ausula, não prejudicando a terceiro, pediam mandasse passar carta de data na forma de sua petição, não prejudicando aos ditos cap.m Affonso de Albuquerque Maranhão e seus irmãos, ou outro terceiro. Informando o Provedor que as terras pedidas não eram as mesmas pertencentes ao Capitão Affonso de Albuuquerque, foi-lhes feita a concessão de vinte legoas de terra, sendo duas de comprido e uma de largo, a cada um, pelo rio das Piranhas acima para o da Vacca-Morta, e pela de Acauan sem enterpollação de terra alguma, pelo capitão-mór Francisco de Abreu Pereira.

Nº 20 EM 3 DE DEZEMBRO DE 1700

José Ribeiro Pinto, ajudante actual deste presidio, e Manoel da Silva Lima, soldado da companhia do Capitão Antonio Borges, um dos destes prezidios, dizem que estão assistentes com suas casas e familias, e que na rua que vae para o Tambiá se achavão devolutos dois outros chãos ou que na verdade for, sem proprietario, entre a caza de morada delle Ajudante e Dona Isabel de Albuquerque, e se em algum tempo forão dados os pedião por devolutos, e desaproveitados para nelles poderem fazer cazas, e todas as mais bemfeitorias que lhes parecer, e bem lhe estivessem, pedindo lhe fizesse mercê mandar-lhe dar, a ditta terra acima para elles e seus herdeiros na forma das mais dactas.
O Provedor da Fazenda informou que as terras dos chãos ,requeridas deviam ter sido dadas a alguém, mas que com a guerra dos holandezes morreram muitos e perderam-se muitos titulos, por cuja causa não se sabe a quem foram dadas, devendo-se conceder aos supplicantes.
Foi feita a concessão de sete braças pela frente da rua, entre a casa do ajudante José Ribeiro Pinto e Dona Izabel de Albuquerque e da dita frente até entestar com o muro dos religiosos de S. Antonio treze braças, que deverão ser partilhadas igualmente entre os supplicantes, pelo Capitão-mór Francisco de Abreu Pereira.

3 comentários:

  1. Excelente! Tenho pesquisado a história da Parahyba e do meu torrão natal em Datas e Sesmarias, especialmente nos escritos de Irineu Jóffily, e aqui encontrei outros elementos de grande importância.
    Parabéns pelo trabalho realizado.
    Publico meu material em http://historiaesperancense.blogspot.com

    Um forte abraço,

    Rau Ferreira
    Blog HE

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  2. Caro Dr. Ozildo,

    Seria interessante que fosse dada continuidade, na sequência, neste post das semarias de TAVARES, por se tratar de um documento deveras importantes para a nossa história.

    Att.

    Rau Ferreira

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  3. Caro amigo Rau Ferreira,

    A seu pedido, publico mais 20 das sesmarias relacionadas por Tavares. Como você, entendo que as mesmas constituem um importante registro para a história da Paraíba. E, por isso, numa iniciativa pioneira, iniciei a sua publicação na Web. O atraso na publicação perdeu-se à necessidade de correção do texto, pois é nosso intuito preservar a grafia da época. A partir de agora, a cada quinze dias, publicaremos 20 novas sesmarias. Fique no aguardo.

    Um forte abraço

    Ozildo

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