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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

DOM FRAGOSO:

UMA HISTÓRIA DE CORAGEM E AMOR


Maria Socorro Sales Bezerra,
Pedagoga e membro da Pastoral Familiar

’Escutar com o coração e a inteligência’
(Dom Fragoso)

A ausência nos faz sentir mais a presença de alguém que em vida se fez valer pela coragem, determinação, fé e amor.
Dom Antônio Batista Fragoso nasceu em 10.12.1920 e faleceu em 12.08.2006. No próximo dia 12 de setembro estará fazendo um mês da morte de nosso querido Dom. É impossível deixar de lembrar de alguns fatos dos quais ele foi um grande defensor e dentre eles destaco: Justiça.
Sinto um vazio ao pensar nisso e quando associo esse pensamento ao Dom. O que ele diria com o que eu vou expressar, com certeza balançaria a cabeça discordando, mas respeitando o meu pensamento.

Dom Antônio Batista Fragoso

Onde está a solidariedade dos representantes da Igreja Católica, da CNBB, das Dioceses por onde ele prestou assessorias? Como manifestaram essa perda? Foi com o silêncio? Onde foi publicada uma pequena homenagem ou pelo menos um pequeno histórico desse Grande Homem que se entregou a causa dos mais fracos? Ou não precisaria pelo fato de ser um grande profeta e como ele disse em seu primeiro discurso como bispo diocesano ao chegar a Crateús: “Queria ser, acima de tudo um servidor da consciência dos cristãos de Crateús”.
Gostaria de lembrar que Dom Fragoso, durante os 34 anos que esteve na cidade de Crateús, estado do Ceará, a tornou conhecida de forma respeitosa: lugar onde existe um bispo corajoso, inteligente, ‘subversivo’, audacioso, bom, justo etc., esses eram alguns dos adjetivos que acompanhavam essa pessoa que nos trabalhos com as comunidades mais simples teve a clareza e a humildade de refletir e decidir uma nova ação nos 10 anos de diocese: “pedir às pequeninas comunidades que se reunissem nos seus próprios lugares, levassem em conta a prática pastoral do ano anterior e fizessem à proposta de um plano pastoral para o ano” FRAGOSO (p 36, 1982). Isso na prática era um Planejamento Estratégico Democrático - PED.
Somente os grandes são capazes de ações dessa magnitude, cujo objetivo de construtor da consciência se consolidava na prática, cujo respeito ao próximo não era apenas uma utopia, mas um exercício de ação transformadora da realidade. Isso é muito claro também quando ele apresenta ao mundo através do livro: O Rosto de uma Igreja, a sua trajetória de alguns anos a frente da Igreja de Crateús-CE, em 2005, ele lançou pela Editora Loyola, o livro: Igreja de Crateús (1974-1978) - Uma Experiência Popular e Libertadora, onde apresenta depoimentos e relatos que valem a pena conhecer, pois de outra forma e em outro contexto continuou a sua missão de ser sal e sol para muitas vidas, principalmente para os pequenos.
Segundo Fragoso (1982, p. 88), “cabe-nos buscar com o coração humilde e a cabeça lúcida, o que supõe uma CONVIVÊNCIA longa e desarmada com o povo. A partir do pouco que vamos descobrindo, veremos que existe uma SABEDORIA popular sedimentada, multissecular. Se fôssemos ver, hoje, os livros da Sabedoria, não seriam apenas 5 ou 6 que estão na Bíblia, mas várias dezenas, cujo conteúdo nasce no chão, na mente, na consciência do povo”.
Conviver com Dom Fragoso foi uma grande oportunidade de aprender o sentido da escuta respeitosa, a busca do crescimento coletivo, a conviver com a diversidade cultural com a mesma postura de viver esperanças, sonhos, fraquezas, coragem e determinação frente às diversas situações e pessoas.
A Igreja com a qual quero continuar convivendo é com esse modelo que aprendi na Diocese de Crateús, com o trabalho de uma equipe maravilhosa que lá desempenhou um papel missionário juntamente com o profético Dom, e acredito que continue essa missão, embora em outro contexto, deve continuar exercendo esse papel de despertar esperanças, apresentar novos horizontes e praticar um modelo democrático e participativo dessas transformações.
A linguagem e metodologia adotadas pelo grande educador Paulo Freire em busca de uma educação libertadora, foi experimentada pela diocese de Crateús e gerou bons frutos, pois na década de 80 convivíamos com alguns temas como: gênero, etnias, raças etc., posteriormente discutidos nos meios acadêmicos/intelectuais e que já eram adotados por esse grande pastor, quando na prática fazia com que cada pessoa se reconhecesse como importante, que cada um buscasse resolução dentro de seu próprio convívio até esgotar todas as possibilidades. Ninguém era maior, ou melhor, que ninguém, mas todos eram membros do grupo, que se ajudaria mutuamente, com suas limitações, acertos e esperanças.

Brasília - DF, 07.09.06.

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