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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

PADRE JOÃO MARIA CAVALCANTI DE BRITO

CATÓLICOS



Padre João Maria Cavalcanti de Brito

Vai ter estréia, fazendo hoje circular o seu pri­meiro número, um novo periódico, consagrado exclusi­vamente aos interesses de nossa santa religião.
A incalculável importância desse fato tão auspi­cioso, me faz vir à imprensa concitar-vos, reclamando vossas judiciosas atenções para a oportunidade de se­melhante publicação, que efetivamente vem ocorrer a uma das mais palpitantes necessidades de nossa época.
Tem sido, na verdade, um dos freqüentes assun­tos das palestras familiares, entre nós, o lamentar-se quão desprotegidos se acham os saudáveis princípios católicos que nossos pais, felizmente, nos legaram, pela carência de imprensa religiosa, não havendo absoluta­mente em todo este Estado um jornal, sequer, órgão do verdadeiro Cristianismo!
O ‘Oito de Setembro’, pois, está às vossas portas; estendei-lhe mãos protetoras; ele mui legitimamente vos pertence; sua causa é a de todos os filhos da Santa Igreja. É indispensável, porém, que se estabeleçam mú­tuas relações: o ‘Oito de Setembro’ labora em vosso proveito, vós deveis também trabalhar pelo seu incre­mento, concorrendo para sua manutenção.
Ei-lo sem recursos, não podendo prescindir dos auxílios dos católicos em geral, sem distinção de classes, sem prevenções de idéias políticas, por ter sido o seu aparecimento simplesmente o penoso fruto de ingentes esforços de poucos natalenses, cordialmente devotados a pugnar pelo florescimento do reino de N. S. Jesus Cristo, a quem, súplices, elevando seus corações, se sentem fortalecidos. Adveniat regnum tuum.
Avante, pois, amigos: prossegui com ânimo deci­dido no desempenho de vossa árdua tarefa: nunca fal­tarão recursos para fazer triunfar a causa de Deus! 
Sim, católicos; mas é natural que todos comun­gando as mesmas idéias e convictos da justiça e opor­tunidade deste tentâmen, venham a fazer fraternal jun­ção com os denodados cidadãos que estão à frente do ‘Oito de Setembro’: é o que se deve certamente esperar de vossas zelosas convicções; e sendo de equidade que todos se considerem colaboradores natos, contri­buam para a empresa, não somente com seus escritos, mas também com a espontânea oferta do que puderem destinar para custeio de seu órgão.
Assim unidos, seremos fortes: já, porque a união é naturalmente eficaz elemento da força; já, porque os laços fraternais, verdadeiros centros de mútuo con­forto, por isso mesmo tendem a produzir valor; e já, fi­nalmente, porque Deus, cujo nome nos reúne, fará infalivelmente sensíveis os efeitos da sentença evangélica: Ubi enim sunt duo vel tres congrega ti in nomine meo, ibi sum in media eorum (Math. XVIII, v. 20).
Enfim, eis uma feliz coincidência, que não con­vém passar despercebida: o dia de hoje, que exalçamos o glorioso pendão da imprensa católica, entre nós, é o mesmo em que a sociedade cristã faz chegar aos céus festivais hinos, cordiais louvores, comemorando o ani­versário natalício da Grande Senhora, a Excelsa Rainha dos Anjos, que não se dedigna de ser invocada como Mãe de Misericórdia e zelosa Protetora dos frágeis hu­manos; esta auspiciosa coincidência, pois, batizando nosso jornal com uma data que faz lembrar ao univer­so o aparecimento daquela brilhante estrela, porta-luz do mundo, fez sugerir a santa idéia de consagrá-lo à celeste Maria, como presente (ainda que indigno) que lhe ofertamos no glorioso aniversário de sua natividade.
Ora, esta consagração que se traduz mui natural­mente por uma fervorosa súplica que endereçamos a tão Poderosa quão Bondosa Mãe, a favor de nossa empresa, é, de certo, de suma eficácia para produzir em peitos católicos os sentimentos de verdadeira intrepidez e da mais sólida confiança.
Sim, pois aquela que foi escolhida pela Sabedoria do Eterno para dar aos homens o Rei Imortal, não terá toda competência para alcançar do mesmo Soberano as armas defensivas, as munições necessárias aos que mi­litam sob seu invicto lábaro?
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Em suma, ânimo!... zelo pela glória de Deus! União fraternal!... E descerão para nós as bênçãos do Bom Pai do Céu, que não somente removerão todas as dificuldades, mas também adoçarão nossos acres labo­res, coroando-os dos mais preciosos e abundantes frutos.


Transcrito do jornal ‘Oito de Setembro’, ano I, nº 1, Natal-RN, edição de 8 de setembro de 1897.

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