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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

Alexandre José de Melo Morais


O Conselheiro José Bonifácio de Andrada e Silva, foi o Patriarca da Independência política do Brasil?
O Brasil em sua Independência em 1822, teve Patriarcas?

A
s exigências e vexames contínuos, que pesavam sobre a colônia brasileira, partidos do governo metropolitano, trazia o descontentamento na população nacional, e mesmo em grande número de europeus estabelecidos e com família no Brasil, dava desejos de pôr a colônia portuguesa da América do Sul independente do governo de Lisboa. Esta idéia despontava aqui e ali, mas sem desenvolvimento.
               Chegando a notícia de emancipação das colônias inglesas da América do Norte, em 4 de julho de 1776, à capitania de Minas Gerais, fez despertar os desejos de independência do Brasil nos corações mineiros, e o que até então eram idéias vagas, firmadas em esperanças incertas, tornou-se então sentimento fixo e realizável, pelo esforço do patriotismo, 70 tomando vulto, desde 1786, traçaram-se planos, formaram-se combinações e quando se esperava unicamente pela ocasião para o rompimento da conjuração em 11 de abril de 1789 foi ela denunciada ao visconde de Barbacena por vis traidores, que fazendo desgraçados a muitos beneméritos, levou ao patíbulo da forca ao mártir da Independência do Brasil, o inimitável alferes Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, em 21 de abril de 1792 no campo de São Domingos, do Rio de Janeiro, cujo cadáver depois de decapitado, esquartejado e salgado, foram os quartos postos pelas estradas de Minas Gerais, e a cabeça fincada em um mastro colocado na praça de Vila Rica ou Ouro Preto. Tiradentes, o patriarca da Independência do Brasil, foi o homem mais generoso, depois de Jesus Cristo, de que há memória na história das nações.

D. Pedro de Alcântara, autor do Hino da Independência 

As circunstâncias políticas da Europa forçando a Coroa portuguesa, como já vimos, com a sua Corte, a transferir-se para o Brasil, e fazendo da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro a sede da monarquia, quaisquer que fossem os motivos que obrigassem o retorno da realeza para a Europa, o Brasil não podia ser mais colônia de Portugal, porque o sentimento da Independência do Brasil estava gravado no coração de todos.
Quem não queria a Independência da pátria era o conselheiro Dr. José Bonifácio de Andrada e Silva, receoso de que os seus interesses pecuniários, como pensionista do Estado, perigassem, se aderisse a qualquer pronunciamento de separação política; e para concorrer para o movimento que se estava fazendo no Rio de Janeiro, foi instigado por seu irmão Antônio Carlos, que não cessava de lhe escrever de Lisboa, pedindo-lhe em favor da causa do Brasil.
O pronunciamento franco do Rio de Janeiro, em que tomaram parte os brasileiros e portugueses em dezembro de 1821, deu em resultado as representações para a solução expressa do Príncipe Regente D. Pedro de Alcântara ficar no Brasil, o que teve lugar no dia 9 de janeiro de 1822.
São Paulo moveu-se por pedido do Rio de Janeiro, e sendo por circunstâncias, como já mencionei, chamado José Bonifácio para o Ministério do Reino, o seu primeiro cuidado foi criar um partido seu, que o sustentasse no poder, e se rodear da gente a mais infame e baixa do tempo para instrumento de suas vinganças; como foram Porto Seguro, Orelhas, Miquelina, Lafuente (mulatos), José dos Cacos (português) e outros.
Tudo o que contrariava o seu orgulho, e não lisonjeava a sua vaidade, era vítima do seu despotismo implacável e perseguido sem trégua.
O Brasil estava a braços com as Cortes facciosas de Lisboa, que queria a todo custo recolonizar o Brasil. A Bahia se achava com as armas na mão por esse tempo, para expulsar a facção lusitana, e o ministro José Bonifácio em lugar de concorrer para chamar os brasileiros de todos os credos a um centro de ação, os que o não lisonjeavam eram perseguidos.
As desordens que apareceram em São Paulo em 23 de maio de 1822, e que deram lugar à prisão e deportação de Martim Francisco, não ficaram sem severa punição, porque José Bonifácio, para vingar a seu irmão, mandou deportar de São Paulo os seguintes notáveis cidadãos:
João Carlos Augusto Oeynhaussen, ex-capitão-general para o Rio de Janeiro.
José da Costa Carvalho, depois Marquês de Monte Alegre, dito.
Coronel Francisco Inácio de Sousa Queirós, dito.
Miguel José de Oliveira Pinto, dito.
Bispo de São Paulo, dito.
Francisco Gonçalves dos Santos Cruz, dito.
Frei Antônio do Menino Jesus, dito.
Daniel Pedro Muller, para Tibaia.
João Ferreira Bueno, para Buiriri.
Francisco de Paula e Oliveira, para Juqueri.
André da Silva Gomes, para Cutia.
Amaro José Vieira, dito.
Antônio Maria Quartim, para Jundiaí.
Antônio Cardoso Nogueira, para Pernapitanga.
Antônio de Siqueira Morais, para Nazaré.
Francisco Alves Ferreira, para São Roque.
Padre Bernardo Conrado, dito.
Caetano Pinto Homem, para Araciguama.
Antônio José Vaz, para São Vicente.
Gabriel Henrique Pessoa, para Santos.
Manuel José Sevilha, para Mogi das Cruzes, e lá morreu.
Pedro Taques de Almeida Alvim, para Paranaguá.
Jaime da Silva Teles, para Piracicaba.
Joaquim Inácio Ribeiro, para Itu.
Antônio Floriano Alves Alvim, para Itapecirica, e lá morreu.
Jerônimo Pereira Crispim, para Sorocaba.
José Rodrigues Coelho de Oliveira Neto, para Porto Feliz.
Fr. José Tundela, para São Caetano, e lá morreu.
Francisco de Paula Macedo, para São Carlos.
João Teodoro Xavier, para São Miguel.
Antônio Gonçalves Mamede, para São José.
José Manuel Tralhão, para Guaratinguetá.
Brigadeiro Joaquim José Pinto de Morais Leme, para Paranaíba.
Os quatro que se seguem, que foram em comissão, ficaram no Rio de Janeiro por ordem, e um deles foi parar na ilha de Cobras.
José Fernando da Silva.
Antônio José da Mota – (é este o fuão Fadiga, que de medo foi para o Porto, fugido, e que Antônio Carlos dizia que fora emissário).
Raimundo Pinto Homem.
Francisco Antônio Pinto Basto – (é o que habitou a ilha das Cobras).
O próprio major José Fernandes, que acompanhou a Martim Francisco até o Bananal, por ordem do governo de São Paulo, foi igualmente preso!
Além destes, houve três pessoas, que foram pronunciadas e estiveram na cadeia, em conseqüência da devassa que se mandou abrir contra quem duvidasse da constitucionalidade de D. Pedro e de seus mais fiéis ministros, etc.
José Bonifácio temia a todo o homem livre, e os mandava vigiar com muito cuidado por seus capangas, como fez com João Ricardo Dormund, padre Feijó, João Mendes Viana e João Soares Lisboa, aos quais chamava de Carbonários. Mandava prender as pessoas suspeitas sempre que eram encontradas reunidas nas ruas em número de três; e o seu excesso de perseguição chegou a tal ponto que dava proteção ao escravo para depor contra seu senhor. Os Andradas entendiam por liberdade no Brasil o poderio concentrado nos membros de sua família, e que sem eles nada se podia fazer que prestasse. Quando eles, no poder, o que não era andradista era considerado demagogo, anarquista, republicano e conspirador; e quando eles fora do poder os governantes eram déspotas, tiranos, e contra os quais maquinavam guerra de morte.
Desde o dia 30 de outubro de 1822, nenhum jornal de oposição ousou escrever contra o governo Andrada até o dia 17 de julho de 1823, em que foram demitidos do Ministério. Foi do dia 1º de agosto em diante que começou a aparecer o Correio do Rio de Janeiro, escrito por João Soares Lisboa, contra os Andradas; e para combatê-lo, criaram os Andradas o periódico Tamoio, tendo como redator principal Antônio de Meneses Vasconcelos de Drummond, e colaboradores os Andradas; que deram afinal por terra com a Assembléia Constituinte do Brasil.
As gazetas liberais do mês de agosto de 1823 denunciaram a existência de um clube secreto, onde se planejavam assassinatos, apesar de se acharem ainda as cadeias cheias de cidadãos presos, por opiniões políticas, mandadas encher por José Bonifácio, sendo o seu número para mais de 300 pessoas. Este clube se estendia até a Praia Grande, sendo indigitados a serem assassinados J. Maria Berquó, depois Marquês de Cantagalo, Gordilho, depois Marquês de Jacarepaguá, o Almirante Rodrigo Pinto Guedes, e outros.
Desse clube saíram as proclamações e cartazes, que se fixaram nas esquinas da Praia de D. Manuel, porta da igreja de Santa Ifigênia, na Rua da Alfândega, francamente dizendo serem os emissários dos Andradas, os que se empenhavam por eles, pois os consideravam os fatores da felicidade do Brasil e os salvadores da pátria.

FONTE:
ALEXANDRE JOSÉ DE MELO MORAIS. A Independência e o Império do Brasil, ou, a independência comprada por dous milhões de libras esterlinas... Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004.

Um comentário:

  1. O retrato que aqui se apresenta como sendo de Alexandre José Melo de Morais é de António de Menezes e Vasconcelos de Drummond meu 4º avô.

    Leopoldo Drummond Ludovice
    ludovice7ser@gmail.com

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